Uma graça me veio ao coração...a lembrança da morte, do
pós-morte
De tudo e todos que deixarei para trás mais cedo ou mais
tarde
De toda a vida que não será mais minha
Só lembranças, memórias
Sentir a morte todos os dias, logo pela manhã, deveria fazer
parte do pacote da vida
Que maravilha seria!
Ela podia nos visitar mais vezes...
Só assim me recordo, sentindo com o coração e com todos os
sentidos, o quanto a vida é bela, doce, mansa e preciosa
Só assim o aparente problema ou drama se dissolve, porque,
diante da morte, se torna absoluta e completamente insignificante, inexistente,
fraco, vazio, sem razão de ser
Se ao menos o cheiro da morte me visitasse todos os dias,
como hoje, eu teria mais coragem
Me divertiria mais, pensaria menos, mediria menos, tentaria
acertar menos, me declararia mais, explicaria menos, riria mais!
Certo?!
Qual?!
Certeza mesmo só que um dia a Mitzi não será mais a Mitzi,
com seus velhos hábitos, opiniões, medos, planos, ideais, ambições, amigos, pais,
irmãos, romances, sonhos, defeitos, virtudes
Tudo, absolutamente tudo será desfeito, desconectado,
apagado
Então, qual é o propósito de se apegar de forma tão ferrenha
a cada um desses personagens, figurinos e cenários?
Por que não desfrutar com alegria, regozijo, gratidão e
presença plena de cada momento, tendo como solo apenas o amor e a
solidariedade, apenas o cultivar da pureza de cada intenção?
Reverenciar a vida em si, independente deste ou daquele
resultado, desta ou daquela vitória
Leveza, alívio...
A lembrança da morte deveria ser vívida em nós
Só assim viveríamos em paz.
Goiânia, 15/8/2012