quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Ainda não sei bem como somos


Tentativas falhas
Recursos ausentes
Silêncio, perplexidade
A sequência de fatos inesperados gera dor, pânico
O desconhecido finalmente se apresenta e sinto medo

Dele, de mim
Do resultado, da falta de um
Da mudança, da inércia
Medo se fico, medo se vou

Agora é assim
Sinto sentimentos o tempo todo, feito gente de verdade
E não me acostumo a ser gente
Que se arrepende, muda de ideia, desfaz o roteiro, desiste de ir e se arrepende de novo

Dúvida, agora tenho dúvida
Várias
De tamanhos, cores e formas diferentes
Todas espalhadas em mim, lá e cá, ontem e amanhã, ele ou ela
Todas são minhas, todas sou eu
E eu, ainda não sei bem como somos...

sábado, 26 de julho de 2014

Parece, mas não é


Sei que o que penso e sinto não sou eu
Sei que o meu desejo é desequilibrado, obscessivo e que isso não tem nada a ver com a sua crueldade, porque essa é sua e só tem a ver com a sua falta de amor
Sei que tudo isso não é tão verdadeiro quanto parece, mas ainda assim choro
Se soubesse mesmo, como ainda pode ser sabido, certamente não sofreria, porque saberia
De fato
E não de superfície intelectual

E se o meu desejo tem natureza inerente frágil, apesar de aparentar fortaleza, pode ser desmascarado, ao menos enfraquecido
Como uma flor que murcha sem o vigor da luz, do ar, da água
Se eu olhar bem para a obscessão, com olhar fixo para ver através da sua aparência vigorosa e tão supostamente concreta e real, será que ela segue assim ou se desmantela também frágil ?

E o desejo obscessivo, então, quem sente mesmo ele? Quem é essa autora, tão senhora de si, que perde toda a liberdade em prol do vício?
Quem é esse eu que parece todo poderoso, mas não passa da extensão dessa farsa
Ou seria o desejo-todo-poderoso a extensão do autor farsante?

Seja como for, ambos não são dois e não passam de vento travestido de montanha, que se esfarela mais a cada olhar observador e absolividor lançado, que pouco a pouco desmonta carinhosa e pacientemente o circo dos palhaços obscessivos.

Personagem Perpétuo


Uma incoerência do início ao fim que até hoje ainda me tem perplexa, incrédula
Só é capaz de compartilhar o personagem, a mesma vítima de ontem que é perpetuada e revitalizada a cada novo encontro
A vítima indefesa que precisa ser resgatada, salva por uma mulher brava, guerreira e otária, bem idiota mesmo
Aquele tipo de mulher que, uma vez ativada a sua compaixão ou o seu amor, torna-se cega e se transforma toda em cuidados, carícias e compreensão sem fim

E o persogame se perpetua…
Como um vampiro bem intencionado, suga toda a sabedoria, os sonhos, as juras e as alegrias da mulher-herói
Depois, abastecido, segue viagem
Sem recordações, registros, nem lamentos

Segue com seu personagem que não é teórico nem prático, bonito nem feio, bom nem mau
É apenas personagem de desenho desanimado
Sem graça, sem vida, sem inspiração própria, sem bússola
É o personagem perpétuo, que nunca foi deixado para trás
O personagem foi capaz de inebriar o ator que, agora, confuso, pensa ser personagem…

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A pomba e as migalhas


Ela fica ali, à espreita, refém dos olhares, dos passantes, das migalhas
Já aprendeu a cativar, mas segue refém no seu próprio cativeiro
O das migalhas

E se delicia...com várias...de tamanhos diversos, cores irresistíveis, formatos inebriantes
Cada migalha tem uma história, uma origem e ela se orgulha, conhece cada detalhe
Repassa, na sua mente de pomba, as cenas da chegada de cada migalha

E se delicia mais, saboreia como se estivesse num banquete
Conforme se deleita, se deita e se revela
A aparente inofensiva pomba é da espécie das rolinhas
Daquelas que seduzem coronéis casados
Daquelas que nao têm freio, nem pudor
Se atracam à migalha e não largam não
As rolinhas sao miúdas, astutas e podem avançar no que não lhes pertence com avidez
Sem freio, nem pudor

Símbolo incontestável de fidelidade, amor e santidade, paradoxalmente, a rolinha ali, ainda atracada à sua migalha, tem um vislumbre de lucidez, da sua liberdade original
E instantaneamente não há mais migalhas, nem pedaços, nem partes, nem restos
Está só e inteira.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Lindas aspirações


Os amigos, as flores, os cães, amores
Vejo todos, sinto cada um
De vocês, de mim
Parte intensa, integral, visceral
A poesia não podia faltar
Nunca!
Por ela reverencio a generosidade, o carinho e a beleza de cada palavra escrita por vocês no meu coração
Recebam por favor a minha mais sincera apreciação e alegria!
Que todos possam verdadeiramente se beneficiar com estas aspirações