segunda-feira, 25 de abril de 2011

Devo me despir

O processo de criar a ação
O movimento guiado pela angústia
Que lugar é esse que tanto me traz incômodo
Que incômodo é esse que não me leva a lugar nenhum
Medo de refletir, de enxergar, esse não tenho não
Só o de criar a ação inapropriada, inadequada, ineficiente, insuficiente

De que vale fazer por fazer, ir por ir, criar por criar?
Como acalmar a maré revolta sem dopá-la?
Como me manter desperta em meio ao oceano que me leva pro fundo
Como resgatar a alegria de viver
Como resgatar a alegria de viver que nunca foi minha nem do meu pai?
Como não trair a arte viva em mim e ao mesmo tempo te agradar?

Acho que a partir de agora a minha vida será oficialmente o mar de angústias e dramas que sempre sonhei
Quem sabe resolvo mesmo dar espaço para os demônios se manifestarem, as cobras rastejarem e as nuvens carregadas despejarem toda a chuva...
Quem sabe agora, antes tarde do que nunca, toda a angústia terá endereço, destino certo e não precisará mais ficar represada, tolida, ignorada, pronta para virar doença

Se me despuser, afinal, para ser o ser artista, devo me despir do passado e mergulhar no lago presente.


Rio, 25/08/2010

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